DANIEL MARIN
Ninguém é uma ilha cerceado em si próprio, somos fruto de uma intrincada cadeia de interações.
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O QUE É CIÊNCIA, E O SEU CONTEXTO HISTÓRICO NO OCIDENTE.
Desde os primórdios, o homem questiona-se a cerca dos mistérios e indagações envoltos aos fenômenos naturais, o seu lugar neste Universo vasto e a razão da sua existência. Busca de uma forma alucinante, responder estas singelas perguntas. Entretanto as respostas apresentam-se com um elevado grau de complexidade e de impossibilidade de obter retorno satisfatório.
O panteão mitológico, das culturas antepassadas do mundo foi indubitavelmente uma tentativa de responder aos questionamentos da Humanidade. Explicações que assentadas a percepções puramente sensoriais, e baseadas em observações envoltas de misticismo. Com o passar dos séculos ganhou contornos de tradição fortemente arraigada nas mentes do homem. E aceita como verdade, pura e absoluta, inexistindo a possibilidade de questionamentos. Recorria-se aos mitos e a forças de caráter divino, para responder os mistérios, para explicar o aparentemente inexplicável. A verdade era única e incondicional, não havia espaço para contestações. Era indiscutível, o porquê de um determinado fenômeno natural, inexistindo questionamentos mais aprofundados.
Na Grécia Antiga devido a um somatório de fatores religiosos, geográficos e culturais. Surge uma maneira alternativa de pensar. Empregando a razão e a especulação, para explicar os fenômenos.
A religião dos gregos era de características brandas e maleáveis, fato raro no Mundo Antigo. O seu panteão divino era vasto, com deuses, semideuses e heróis, que tinham atributos humanos. Portanto não havia um distanciamento das pessoas com o divino como em outras culturas, bem como as transgressões (pecados) eram brandos. O sentimento de culpa dos gregos era muito menor que qualquer outro povo, o que fomentava e instigava o pensamento e o questionamento sobre os “dogmas” pré-estabelecidos e explicados pelos mitos. Os fatores geográficos também foram influentes, uma vez que a Grécia localiza-se em posição privilegiada no Mar Mediterrâneo, e é composta por uma parte continental e inúmeras ilhas, facilitando o intercâmbio com culturas ocidentais e orientais, via atividades mercantis. Os gregos tinha uma inclinação nata para a argumentação e o exercício da lógica o logos, todavia, alguns aspectos foram decisivos para atingirem o elevado grau de cultura e sofisticação. O seus escravos ocupavam-se com o trabalho agrícola, restando o exercício das atividades de cunho mercantil aos homens livres (gregos), isto propiciava que tivessem contato direto com outros povos e culturas. Este aspecto era o inverso em outras civilizações daquela época. Exercitavam o diálogo intenso nos períodos de ócio, o que propiciava a troca de ideias e de conhecimento. Estes fatores gestaram esta nova forma de pensar, que culminou com o desenvolvimento da filosofia e o saber pelo saber, a especulação e o exercício da lógica. O conhecimento avançou perpendicularmente em diversas áreas. Mas as experiências ficaram restritas ao pensamento, o imaginário, não havia nesta época experimentação e nem métodos práticos estabelecidos.
Com a conquista da Grécia por Roma, todo esse conhecimento foi abrangido pelos latinos. Herdando toda uma bagagem cultural de valor inestimável. Roma literalmente dominou grande parte do Mundo Antigo, durante séculos, soube inestimavelmente adaptar e incrementar o conhecimento herdado da cultura grega. Com o colapso do Império Romano, a Europa se esfacelou, houve a retração da economia, ruralização da população, mudança na estrutura política, e o crescimento do Cristianismo tomando o lugar do poder exercido por Roma. Estes fatores abalaram profundamente todo o conhecimento construído até então.
O período conhecido como Idade Média, foi marcado por avanços inexistentes no campo do conhecimento. A Igreja passou a controlar a fé, os governos e grandes partes das terras, como também a forma de pensar do povo. O conhecimento ficou confinado nos monastérios, onde os monges copistas principalmente detinham algumas das maiores e refinadas obras dos sábios Greco-romanos. No início do segundo milênio depois de Cristo, a criação das Universidades vinculadas a Igreja Católica, inicialmente localizadas na península itálica, foram uma retomada ao conhecimento. Mesmo que nestas Universidades o campo de estudo era a filosofia, teologia e artes, a matemática era apenas ministrada de forma superficial. O advento das Cruzadas nesta mesma época, com objetivo de recuperar a Terra Santa (Jerusalém) das mãos dos árabes, possibilitou novamente o ocidentes entrar em contato com o oriente. E redescobrir o saber grego, preservado pelos árabes principalmente. A península itálica foi um importante ponto de encontro entre o oriente e ocidente, devido ser o ponto de partida das Cruzadas e ter um comércio intenso, de suas cidades estado (Gênova e Veneza, principalmente) pelo Mar Mediterrâneo. Estavam lançadas então as bases do Renascimento, a retomada do saber, e que foi o marco inicial da ciência moderna e primordialmente da Revolução Científica que viria a se suceder.
O Renascimento conforme mencionado, foi uma retomada dos saberes Greco-romanos, do Mundo Clássico. Teve maior impacto e expoente na península itálica, e deste local irradiou-se por toda a Europa. Podemos elencar em tempo como fatores essenciais que culminaram com este acontecimento. A invenção da prensa por Johann Gutenberg na metade do século XV, que permitiu a reprodução de obras (livros), o que possibilito a massificação mesmo que retraída da informação a população. A reforma religiosa ocorrida no século XV, abalou as estruturas da Religião Católica e quebrou a sua hegemonia na Europa, o Protestantismo floresceu principalmente na parte norte do continente. E obrigou o Catolicismo a rever suas bases para não perder terreno ante a nova religião. Isto provocou uma “liberdade” tímida de pensamentos, o que somado a invenção da prensa, possibilitou a divulgação de novas ideias e teorias, antes combatidas e censuradas pela Igreja, e vinham a calhar com os novos tempos.
Nicolau Copérnico, o padre e astrônomo polonês, no século XVI “tirou” a terra do centro do Universo e com a sua teoria do heliocentrismo, postulou que o sol era o centro. Isto combatia diretamente a teoria do geocentrismo do grego Ptolomeu que era tida como a verdade até então. Entretanto a teoria de Copérnico era de natureza bem mais simples em relação à de Ptolomeu, sendo que a primeira descrevia o movimento dos planetas do Sistema Solar além do Sol, ao ponto que a de Ptolomeu, detalhava o movimento dos astros e descrevia as constelações. Por ser mais simplificada a teoria de Copérnico triunfou e foi aceita. Mais tarde no século XVII Kepler, brilhante matemático, e de posse dos dados observacionais do astrônomo Tycho Brahé, postula a teoria dos movimentos elípticos dos planetas. Mas é com Galileu Galieli que a Ciência toma forma e corpo. Galileu é o primeiro a fazer uso e adaptar o telescópio para observar os astros. E com essas observações descobre que os olhos nos enganam, uma vez que conseguia observar estrelas que não eram observáveis a olho nu, e que a verdade nem sempre está na superficialidade, sendo necessário buscá-la nos meandros e detalhes mais incrustados, bem como o desenvolvimento de instrumentos capazes de capturá-la. É creditada a Galileu a invenção do termo Relatividade, bem como a sua teorização. Coube a Albert Einstein em 1905, situá-la dentro de um campo específico. De acordo com a relatividade de Galileu, podemos perceber apenas as variações de movimento, e um corpo em velocidade constante, não terá condições sensoriais de notar se está em movimento. Galileu não se baseou apenas em teorias dogmáticas e tidas como verdadeiras, sobretudo fez uso da experimentação e observação em seus estudos, para somente depois postular suas teorias. Descartes, físico, filósofo e matemático, em sua obra intitulada de “Discurso do Método”, buscou demonstrar os caminhos que são necessários (métodos) trilhar para o raciocínio e a dedução a cerca de uma verdade científica. Para alcançar a verdade é preciso seguir e estabelecer uma metodologia, organizar o pensamento dentro de uma racionalidade. Entre os séculos XVII e XVIII, o cientista Isaac Newton, definiu as leis de gravitação universal, e as bases até hoje estabelecidas da mecânica clássica.
O tortuoso caminho que a Ciência percorreu até a contemporaneidade, é marcado por vários percalços: fanatismo e perseguição religiosa, guerras, mitos, pestilências, decisões políticas, resistência à mudança, enfim todos eles diretamente ou indiretamente colaboraram para o panorama atual que nos encontramos. A Igreja e as decisões políticas, sempre pautaram a Ciência e o seu florescimento. Recorrendo a Descartes podemos resaltar que espíritos (mentes) brilhantes extenuadamente e arduamente labutaram sem cessar, em busca do entendimento, da revelação e do desvendamento dos mistérios, das respostas para as perguntas básicas (quem somos; de onde viemos; para onde vamos). Atualmente o que podemos dizer é que as perguntas continuam as mesmas, porém as respostas são bem mais detalhadas, complexas e sofisticadas. Portanto ao olharmos para trás, e ao avistarmos o horizonte desafiador que se apresenta, podemos deduzir. Estamos no caminho para cada vez mais buscar o entendimento, se aproximar da verdade e com o exercício da razão, dizer: ocorreram avanços.
Ciência é antes de tudo um empreendimento humano, isto porque é realizada por homens, sedentos de saber, e com a ânsia de descobrir os mistérios, que desde sempre nos acometeram. A Ciência busca respostas, e a verdade, ela é uma ferramenta que visa aproximar o homem da veracidade sobre um fenômeno, por exemplo. Mas na voracidade de obter respostas para as perguntas elementares, a Ciência empreendeu incríveis achados, se refinou e atingiu patamares inimagináveis de sofisticação. E as respostas para as perguntas foram evoluindo geração após geração. A Ciência é um sopro de razão na nebulosa mente humana, tomada por mitos, fantasias e metáforas, que atrofiaram e ainda atrofiam nossos passos na existência humana terrena. Ela é o exercício metódico da razoabilidade a cerca de uma teoria ou de um fenômeno natural, dotada de experimentação e observação. O que corrobora credibilidade junto ao senso comum e ao círculo científico, pois tem um método definido, e a atestação do “caminho trilhado”, para chegar a uma teoria sobre os mais variados e diversos assuntos. Enfim, Ciência é a expressão sublime e pura da especulação, da razão, da lógica, das dúvidas angustiantes e desafiadoras, que unificadas com a observação e com um método, produzem perguntas, respostas e inquietações do pensamento.
Daniel Marin RS
Enviado por Daniel Marin RS em 22/04/2012
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