Dirigentes Comunistas vivem em estado de exaltação permanente
Nas democracias o poder pode levar ao corrompimento do “chefe de estado”. Eleito por sufrágio universal, e imbuído de uma legitimidade finita, cingida normalmente pelo período regimental e legal do seu mandato, transcende esta, para estabelecer um regime centrado e cultuado a sua pessoa, baseado num ideário de contornos truculentos e despótico. Entretanto nos regimes comunistas é bem pior, pois os membros do séquito político do “líder”, distanciam-se gradativamente da realidade, habitando um mundo paralelo. O “líder” é rodeado por bajuladores que impõe uma situação fatídica de “exaltação permanente”, não questionando eventuais ordens, independendo das consequências vindouras e relegando o povo como mera massa de manobra.
O exercício do poder sempre conduz a um certo desregramento das paixões, porém não se compara ao estado de êxtase do comunismo. E o fato é simples, porque no caso específico do comunismo, os seus dirigentes de forma simultânea, têm a certeza cega e absoluta que ideologicamente têm razão. E consequentemente tendem a aumentarem os seus privilégios pessoais, ocasionando invariavelmente a repressão do povo, entretanto são incapazes de perceberem, pois estão imbuídos de uma certeza absoluta que de servem aos interesses superiores e definidos no projeto de poder megalomaníaco. Todos os atos do governo comunista, segundo os seus líderes e séquito, está identificado com a história, e ultrapassam a dimensão normal da vida do país, assumem na visão deturpada de seus dirigentes, em um ineditismo histórico irreal e confuso. O marxismo é para os líderes comunistas inabalável, inatingível e a prova de refutações. Toda e qualquer voz dissonante, é imediatamente classificada como inimiga mortal e silenciada, apagada e entregue ao esmo total. Aos ditadores, cabe aplicar o marxismo deturpado e prostituído, sob uma roupagem libertária e socialmente paternalista, e aos intelectuais que ingenuamente adotam o regime, fica a tarefa simples de apenas popularizá-lo, definhando pouco a pouco, reduzindo-se a meros replicadores de teorias infundadas e desprovidas de sentido.
(Fonte: Os Verdadeiros Pensadores de Nosso Tempo – Org. Guy Sorman, texto de Milovan Djilas, político, revolucionário comunista e escritor)
Daniel Marin RS
Enviado por Daniel Marin RS em 11/07/2020
Alterado em 11/07/2020