O Capitalismo nem tão Cruel; e a resposta caótica de Lênin
E se a teoria marxista não fosse tão assertiva nas suas predições? Se por trágico acaso; nos “experimentos de campo”, isto é na prática, a rebelião da classe proletária sucumbisse ante os mínimos ganhos do Capitalismo cruel? Em caso fatídico dos proletários aceitarem um aumento mínimo das suas condições de vida, negando-se a rebelar-se contra os cruéis burgueses, e mantendo o nível estrutural básico do Capitalismo? O próprio Marx parece não ter preocupações maiores com este aspecto. Ele não fornece uma resposta para estes problemas específicos e de natureza prática. É contudo necessário elucidar-se que a teoria marxista, fruto de da mente instigante e visionária de Karl Marx, nunca saiu do papel e o seu próprio criador, não ateve-se em detalhes que deveria julgar marginais. E forneceu sim uma resposta generalista e superficial, onde sua análise, totalmente desprovida de elementos concretos, objetou que o Capitalismo na sua gênese, necessitava de quantidades cada vez maiores de Capital para se autossustentar e com isso achataria o padrão de vida da classe trabalhadora, na qual não teria outra escolha a não ser rebelar-se. Ora como se trata de um experimento social, por mais refinada que seja a teoria, ela sempre necessita de ajustes e nunca é dada como definitiva, está sempre em constante transformação.
É nesta altura da abordagem que entra Lênin. Muito embora seguidor “cego” da teoria marxista no que tangem aos seus escritos, na prática pode-se dizer que não fez o mesmo. Preocupado que a classe do proletariado deixar-se-ia seduzir pelos ganhos econômicos imediatos do Capitalismo, não confiou na teoria do “empobrecimento” de Marx.
Se o Capitalismo melhorasse a qualidade de vida da população, fazendo o proletário ascender de classe. E incutisse uma ideologia burguesa, liberal e econômica na população, provendo a liberdade de pensamento, possibilitando ao cidadão a livre escolha. Como poderia uma revolução intelectual com estas teorias resistir a um emburguesamento da democracia social? E onde o povo teria visíveis e imediatas melhorias no seu status quo social econômico?
Lênin como resposta, propôs a criação de um partido de cunho revolucionário, em que uma elite política profissional e totalmente fiel ao partido e a causa, se distinguisse da massa paupérrima trabalhadora. Esta elite (membros), teriam o conhecimento correto da teoria, isto é, traduz-se; “detentores dos segredos do dogma e investidos de um poder vestal”. Sordidamente teriam poderes para o emprego da violência, ignorando a lei inclusive; tudo para o bem da “causa”, performando-se na vanguarda da revolução. Cabendo ao restante, a tão amada classe trabalhadora, seguir seus novos deuses.
(Fonte: Teoria Crítica – Org. Fred Rush)
Daniel Marin RS
Enviado por Daniel Marin RS em 14/07/2020
Alterado em 15/07/2020