DANIEL MARIN
Ninguém é uma ilha cerceado em si próprio, somos fruto de uma intrincada cadeia de interações.
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Textos
Ser Liberal é Ser Agitador
Tema: Liberalismo, economia.

O desenvolvimento é movido pelo combustível altamente inflamável da mudança. Do salto epistemológico em que a mente humana é submetida, quando encontra-se com ideias instigantes e desafiadoras. As ideias prezas a dogmatismos irrazoáveis, nada mais fazem do que aprisionar a mente e matar a expressão criativa, acarretando na perda sistemática e profunda da liberdade individual. Este baque, prepara o sórdido caminho para a opressão. Quando pensa-se que teorias não totalmente testadas advindas da cápsula do tempo de meados do século XIX, podem solucionar problemas modernos, é no mínimo trágico/cômico. Pois inverte toda a ordem natural, o refinamento do saber e a primordialidade do método científico, onde a falseabilidade de uma teoria é posta a prova a todo o instante, a fim de testá-la. Não existem, conforme apregoava o saudoso Carl Sagan, soluções simples para problemas complexos. E isto, também se aplica para a economia e a sociedade no geral. É irracional e ingênuo esperar que uma teoria social, de contornos simples e de natureza pragmática seja a tábua de salvação para uma sociedade caótica e uma economia que edificou-se de forma espontânea sem uma estruturação prático/conceitual.
No tangente à economia, não há como planificar o seu controle e crescimento. Pelo simples fato de que não tem-se um conhecimento exato dos seus mecanismos, pois o mercado é complexo, são uma  série infinita e flutuante de fatores, que mesmo um sistema computacional dotado da mais alta Inteligência Artificial, é capaz de abarcar o todo das variantes. Entretanto na economia de mercado, onde o caos literalmente impera, há um paralelo com a natureza, pois conforme a teoria do caos do físico Ilya Prigogine apregoa, “é do caos do Universo que emerge a ordem”. E na economia liberal de mercado, o verdadeiro pandemônio de informações e iniciativas individualizantes, emerge a ordem superior.
Acredita-se ingenuamente, que o poder político pode substituir o mercado, quando na verdade ele está longe de compreendê-lo. O mercado é um somatório caótico de iniciativas individuais, e que não seguem um padrão lógico estrutural. Estas iniciativas individuais, são pautadas pelo juízo de valor de cada pessoa, somado às variantes instáveis sociais, econômicas e naturais. A sociedade moderna é complexa, e o mercado, como ente formador desta sociedade, acompanha a sua complexidade.
O intervencionismo na economia, funciona somente numa sociedade minúscula e mercadologicamente simples com pouquíssimas interações. É possível então planejar a agir diretamente intuindo controlar tudo. Grandes civilizações do passado tiveram a sua estrutura assentada no intervencionismo total da economia, e sim obtiveram sucesso, prosperaram. O tahuantinsuyo (império dos quatro cantos) dos incas na América do Sul, era totalmente controlado pelo Grande Inca (o sol) vivo. O ser deificado incaico, decidia inclusive pelo início do plantio, controlava a estocagem e distribuição dos cereais, e conduzia os trabalhos religiosos, intuindo obter boa colheita; as condições climáticas favoráveis dependiam dos favores dos deuses e a intercessão do seu representante na terra o “sol vivo”. É inegável que o sucesso obtido pela estrutura político/administrativa incaica, salta aos olhos que qualquer analista; porém naquele espaço de tempo. É importante e pertinaz enfatizar que, a sociedade incaica tinha uma estrutura simples de classes, basicamente: nobreza, clero, militares e trabalhadores, superficialmente citando, controlava uma vasta área e com poucas interações comerciais, a agricultura e a construção civil (voltada toda para o estado), eram as únicas ocupações. As individualidades eram praticamente anuladas em detrimento da coletividade do Estado.
O socialismo nada mais é do que um desejo nostálgico e saboroso do retorno à sociedade arcaica, da solidariedade tribal e pautada por uma economia de trocas simples. Na contemporaneidade, torna-se uma peça de museu, um saudosismo, petrificado em linhas deleitosas de se ler, e não pode ser mais comportado.
O liberalismo pelo contrário, é agitador, provocador, instigador, nos força a sairmos da zona de conforto. E onde a iniciativa individual é livre, o progresso, a cultura, as artes são sempre superiores e livres de dogmatismos impróprios e impostos pelo Estado. No socialismo o Estado é controlador, abarcador e sisudo. No liberalismo o Estado é um acessório importante sim da sociedade, mas não o seu deus vingativo e cruel.

(Fonte: Os Verdadeiros Pensadores de Nosso Tempo  - Guy Sorman)
Daniel Marin RS
Enviado por Daniel Marin RS em 20/07/2020
Alterado em 20/07/2020
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