Tema: Lógica e Filosofia

No concernente à doutrina da verdade de Guilherme de Ockham, ela tem apoio em dois aspectos; a metafísica da singularidade real, e a teoria da suposição. Em se tratando da temática da verdade e as suas proposições, temos; a verdade como uma proposição verdadeira e a falsidade como uma proposição falsa, colocando os dois temos (verdade em falsidade), sob a ótica pragmática. Há indubitavelmente uma carga significativa de metafísica, isto é, uma concepção que escapa à lógica estrutural, no tangente à palavra “verdade”, que está imbuída no seu significado lógico-semântico.
Verdade e falsidade, são termos associados às proposições verdadeira e falsa, muito embora não sejam inerentes à proposição na sua gênese. Pois uma dada proposição falsa poderá vir a ser verdadeira, e vice-versa; não necessitando para isso, ter uma modificação de cunho estrutural, a mudança ocorre sim na sua interpretação e classificação. Tomamos por exemplo a seguinte proposição: “o rio AB tem águas turvas”. Esta proposição é verdadeira até que às águas do rio nominado AB, ter às suas águas turvas, no caso o rio enquanto sujeito da proposição. Após às águas estarem límpidas, a proposição é classificada como falsa, e isto ocorre, sem que haja nenhum processo de perda qualitativa ou modificação estrutural, apenas por uma mudança na retratação do objeto, no aspecto de natureza interpretativo.
Os termos “verdadeiro e falso”, são realmente termos conotativos, que ensejam sim, dar sentido à existência atual e potencial dos objetos. Onde a existência independe da contextualização sintática do termo, ser verdadeiro ou falso, e sim de uma conotação interpretativa mais abstrata e complexa, em que a própria existência do objeto pode ser permeada e asseverada a verdade ou mesmo a falsidade da sua proposição discricionária.
No tangente a verdade de uma proposição determinada e dada, configura-se quando o predicado e sujeito que a compõe, estejam perfeitamente coadunados com a realidade observacional que retrata-os. A proposição poderá ser dada como falsa quando sujeito e/ou predicado, não estejam classificados em uma mesma realidade. A estrutura, o constructo da proposição independe, o que define realmente é a realidade observada e que a proposição retrata que define a veracidade ou a falsidade. Para Ockham o verdadeiro, tem a significância e a determinação do fato como ele é, na sua pura representatividade aparelhada com a realidade física ou mesmo lógica do objeto; enquanto que o falso significa o oposto, o antagônico, o que realmente não é.
Portanto Ockham define a proposição como UNA, a dotação de defini-la como verdadeira ou falsa, advém da interpretação semântico-lógica, coadunada sim com a realidade representada pela mesma.

(Fonte: Lógica dos Termos -  Guilherme de Ockham)