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O Número e o ato de Contar
O pensamento fenomenológico tratado aqui de forma sucinta, contudo clara e objetiva, diz respeito a uma abordagem de compreensão de fenômenos naturais, ou seja, da compreensão do mundo, sendo um processo cognitivo que se manifesta na consciência do indivíduo.
E isto está frementemente arraigado no processo de compreensão do que seria um número. Portanto um fenômeno que pertence ao mundo da abstração e da razão puras, mas que tem inadvertidamente aplicação e efeitos no mundo físico e prático.
O termo fenomenologia significa estudo dos fenômenos em si, daquilo que aparece na abstração racional da consciência, daquilo que é dado, buscando explorá-lo como objeto de estudo. Então é possível inferir que o termo fenomenologia está perfeitamente aparelhado com o ato de conhecer, de descobrir, de desvelar os fenômenos que se apresentam, tanto no mundo concreto como no abstrato. A fenomenologia é um mergulho no abismo da razão enquanto faculdade mental.
O surgimento da fenomenologia ocorreu na Alemanha, no início do século, pelo filósofo Edmund Husserl, e ainda às questões concernentes aos aspetos teóricos e conceituais que fazem parte da compreensão da abordagem de cunho filosófico.
Traçando-se um paralelo entre a fenomenologia enquanto termo que designa uma das facetas da filosofia e que abarca da fundamentalidade do objeto, seja ele físico ou abstrato, há um encontro fatal com os conceitos de números e o seu advento. O número como dado bruto concreto de foi ideado na mente humana, sob um resíduo racional do ato puro de “contar”.
É impossível precisarmos onde teve à gênese da inteligência humana e a sua quididade foi “criada” ou mesmo “aflorou”. Seria na África, muito provável; na Europa, talvez; ou no grande continente asiático, é outra possibilidade muito embora remota. O fato é que nada se sabe com segura precisão. É um evento notório e importante, mas que se perdeu nas agruras do tempo da pré-história humana, e não deixou marca arqueológica para comprovação segura. Restam especulações profícuas.
A capacidade de contar e computar numericamente, igualmente não se sabe a sua origem primária. Contudo um fato é certo: houve um tempo em que o ser humano não sabia contar. Ao relacionar a capacidade de contar através dos tempos denota-se o mesmo atualmente ainda em muitas sociedades que tem certas dificuldades com tal faculdade. A respeito deste aspecto e ilustrando com exemplos; há de certos aborígenes da Austrália e indígenas da tribo dos Botocudos do Brasil.
O ato de contar não é fácil. Necessita transladar do campo da prática para o mental e vice-versa, em processos cognitivos férteis. É, contudo uma posição que está arraigada e explicitada como o número assemelhado a um objeto matemático e compreendido como sua relação com outros objetos matemáticos. Sem dúvida uma dedução lógica complexa.
O número carrega muito mais do que apenas conceitos logicistas e questões concretas de multiplicidade de unidades “contáveis”. Há uma clara noção no que concerne ao “número” de visão e racionalização da epísteme humana e sua relação fenomenológica com o mundo que o cerca.
O processo de compreensão e de idear o que é o “número”, está profundamente arraigado ao pensamento fenomenológico, na qual abarca o entendimento dos fenômenos naturais. É como compreender o mundo, com um viés processual cognitivo manifestado na consciência. Consiste num fenômeno que habita a abstração e a racionalidade humana, tendo efeitos claros e impactantes no mundo físico, no caso no campo da ciência da Matemática.
O homem aprendeu a “contar” as unidades, e isso foi um processo longo e moroso, nada fácil, haja vista que até hoje algumas sociedades apresentam dificuldades quanto à contagem numérica. Houve adaptações e um desenvolvimento gradativo pautado pela experiência adquirida e convivência social cotidiana. Exemplo disso é o desenvolvimento dos números inteiros, naturais e racionais.
Daniel Marin
Enviado por Daniel Marin em 11/04/2025
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