DANIEL MARIN
Ninguém é uma ilha cerceado em si próprio, somos fruto de uma intrincada cadeia de interações.
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O Curso "quase” que Indutivo da Ciência

 

 

O curso da ciência segue caminhos tortuosos e nem sempre lineares, em muitos casos a imprevisibilidade e a casualidade são mais determinantes do que regras experimentais racionais e rígidas. A contiguidade entre o indutivo e o dedutivo no que tange às teorias de cunho científico, e que indubitavelmente abarcam às generalidades de um determinado fenômeno, andam praticamente de mãos dadas, divisadas por uma linha tênue. Elas seguem um curso imprevisível e transgressor de uma lógica estruturada linearmente. Acasos são muito mais comuns do que a gente pensa no campo da ciência.

Evidentemente que, o viés indutivo é muito latente, quando se leva em conta às questões de direção geral da evolução de uma ciência qualquer. A sequência de inferências indutivas a respeito da corroboração, isto é, da validação de uma hipótese científica, por exemplo, não explica na totalidade o fenômeno em si, e nem detém o monopólio único doas teorias que delineiam o que é e como se dá o progresso científico tão alardeado aos quatro ventos. Somente poder-se-á superar uma teoria científica que foi bem corroborada e testada, uma rival que de nível superior e que aborde na universalidade todos os pontos da teoria a ser suplantada. Citando aqui, a título de exemplificação; uma teoria que seja mais “testável”, que retrate um recorte da realidade mais lúcido e coerente do que a suplantada, sendo evidentemente refinada e sujeita a testes de teor mais detalhados sob o ponto de vista experimental. Nós humanos temos uma necessidade genética “translouca” por encontrar relações e co-relações de dados, fatos e fenômenos naturais, as famosas analogias. Então a teoria científica proposta que explique mesmo que de forma errada ou equivocada um fenômeno, mas que seja formalmente simples e objetiva imediatamente ganha credibilidade e tem grande chance de vingar em nosso “gosto”. É a “famosa” NAVALHA DE OCKHAM, isto é, uma premissa de cunho filosófico que define que dado um problema, opta-se sempre pela explicação mais simples como a que se aproxima mais da verdade. E no caso das teorias científicas a referida premissa filosófica (navalha de Ockham) entra em ação de forma contundente e eficiente.

A evolução quase que indutiva da ciência, também perpassa por aspectos de flertam com o mágico, com a fé e crença de que uma teoria ainda não testável seja a resposta para a hipótese do problema colocado a cerca de um fenômeno, por exemplo. A indutividade está colada na ciência e faz parte dela como uma partitura que é travestida de genialidade e inventividade, um fruto especial e único da mente do seu agente humano (o teorizador). E num mundo já atualmente pautado pela automação e respirando ares de Inteligência Artificial e processamento de dados volumosos a fim de extrair padrões e “conhecimento”. Há insopitavelmente o agente humano, insubstituível no que tange à especulação basilar de conceitos e hipóteses de natureza científica.

Neste contexto é possível tratar a respeito da indução, que se faz presente na ciência por intermédio colocado aqui de forma clara, objetiva e direta. E levando em conta a seguinte exemplificação; suponhamos que para um problema natural determinado, tenhamos várias ideias e hipóteses de respostas soltas e desconexas, sem um fio racional condutor. Portanto haverá várias respostas mais ou menos plausíveis para uma pergunta problematizadora da formação de uma hipótese. À medida que a testabilidade destas respostas para a crucial pergunta avançam, elas, as respostas, são depositadas num arquivo (na mente do pesquisador ou arquivo físico e/ou eletrônico), onde se ordenam pela seguinte ordem de relevância: da menos universal para a mais universal de forma progressiva. Traduzindo em linhas gerais, a resposta mais testável e universal para a pergunta ocupa a primeira posição, no caso da teoria válida para o momento na elucidação da pergunta.

É imperioso colocar aqui, que a ciência nunca trabalha com certezas absolutas, a sua força reside justamente na testabilidade e falseabilidade das suas teorias. Ou seja, a parcimônia é benéfica neste caso, e as certezas dogmáticas têm vida curta.

Em ciência, nunca se sabe de nada com total certeza, apenas conjectura-se respostas para problemas reais e naturais. E somado a isso a fé nas nossas conjecturas (nas conjecturas do cientista), que não é científica, mas sim metafísica. São aspectos cruciais que se fazem presentes de forma muito forte no curso da ciência e do cambalear da humanidade.

Daniel Marin
Enviado por Daniel Marin em 28/06/2025
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