É inegável que a integração e interação entre as economias e sociedades no mundo todo, gerou e gera certos atritos e mudanças na forma como a Gestão Pública atua. Afinal ninguém está imune aos efeitos diretos e indiretos do processo de globalização em curso, na qual atinge a todos. É impossível ter como balizador ainda preceitos arcaizantes na própria forma do agir e gerir a “coisa pública”, tendo em vista que às mudanças advindas com o processo globalizador do mundo, tanto na cultura quanto na economia são prementes e de certa forma vieram para ficar. Pois é sempre importante salientar que mudanças são uma constante nas sociedades humanas desde tempos passados imemoriais e remotíssimos, e não é agora na contemporaneidade que será diferente. Contudo é pertinaz enfatizar que a globalização é sim um processo gradativo, cheio de nuances políticas, econômicas, sociais e culturais. Insopitavelmente a globalização afeta as nossas vidas em muitos aspectos. Como estudos do Banco Mundial afiançam: “As economias em todo o mundo estão se tornando mais integradas.”
Mas, levando em conta a questão correlata à Gestão Pública é impreterível que leve em conta os impactos causados pela globalização. Os mercados já não são mais apenas locais ou nacionais, mas sim internacionais e assumem gradativamente uma roupagem global. Com a liberalização do comércio internacional e os investimentos nas nações em desenvolvimento, as empresas desses países foram expostas à concorrência de todas as partes do globo, onde “o mundo é o mercado”, literalmente. O que de certa forma sofre uma reorganização do ponto de vista econômico-social-político da sociedade, principalmente em se tratando de países em desenvolvimento e subdesenvolvimento. E ao mesmo tempo em que abre um leque muito grande no que tange a oportunidades de mercado e de comerciar com o mundo; por outro lado fica exposto a uma concorrência global o que inadvertidamente obriga as empresas e propriamente governos também a modificarem suas ações de forma profunda.
Hoje há certa dominância de uma visão racionalista e econômica na Gestão Pública. O racionalismo econômico pode ser considerado como a nova base ideológica da globalização, até por que à questão financeira normalmente dita a regra em todos os campos, e igualmente não distingue sistema de governo ou regime ideologizador. Uma vez que, tanto no capitalismo como no socialismo ou em regimes mais orientados economicamente para políticas de “centro-esquerda”, a economia ocupa um papel central nas ações. É franco objeto de debates acalorados!
O que cumpre destacar com extrema clareza e retoques profundos de objetividade é que, de certo modo impregnou-se uma ideologia calcada na austeridade fiscal e controle de gastos, como sinônimo absoluto de boa gestão e observância à política econômica. A economia tornou-se a centralidade e o ponto base para toda a ação política e de gestão pública. E não há como pensar minimamente na organização estatal sem considerar seriamente e primeiramente à questão econômica.
Expondo aqui a respeito de um fator relevante quando tratamos da globalização enquanto um processo econômico-social-político é a questão da redução da pobreza. E a respeito desta delicada temática, o Banco Mundial diz; “De maneira gral, a globalização reduz a pobreza porque economias mais integradas tendem a crescer mais rapidamente, e esse crescimento é, na maioria das vezes, bastante difundido.” É um ponto preponderante, portanto que o inevitável crescimento econômico das economias que trabalham integradas, impacta nas condições de vida da sociedade, melhorando sensivelmente a qualidade de vida. Desde que haja uma efetiva distribuição de renda e que o crescimento econômico envolva toda a sociedade. Outro fator a se destacar é o inevitável intercâmbio de saberes e conhecimento entre as sociedades globalizadas. Então a Gestão Pública deve atinar para que sejam formuladas Políticas Públicas considerando os efeitos e impactos da globalização na sociedade para poder tirar melhor partido.
Claro que não há nestes pontos colocados como equacionarmos a ingerência administrativa pública, personificada não somente na falta de “capacidade” de gestão, mas também associada aos aspectos deteriorantes da corrupção. Normalmente a incapacidade e a corrupção andam bem de mãos dadas uma com a outra, mais assemelhadas à gêmeas siamesas.